quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Rock de Obrero

Esta é uma letra da banda Los Muertos de Cristo, uma banda que se caracterisa pelo som chamado rock de obrero, que em portugês seria rock do trabalhador.
Não é bem a proposta do blog tratar de música, mas achei que a letra valia a pena ser publicada... Saúde e anarquia!!!

Escute, escute
Escute, escute

Ouça o rugido da fera violenta
Que vem semear o terror.
Cultivando camadas da morte,
de miséria e desepero.

Escute, escute
Escute, escute

ouça o vento a soprar
rigido sobre a cerca.
Atráz da qual se esconde,
A grande miséria humana.

Escute, escute
Escute, escute

As pessoas que clamam ao céu,
em busca de salvação,
E do céu está caindo estilhaços,
que lhes mata em nome de Deus.

O deus do O deus brancos de negros,
Deus que lhes tira o fruto, "e deforma o cérebro"
O deus ou deusa sem pátria ou credo
O seu nome potência, o seu apelido dinheiro.

Escute, escute
Escute, escute

O deus do bom que mata o bandido,
maus aqueles que desobedeceram,
milhões de pobres que estão condenados,
Surdo a esta regra, que temos criado.

Escute, escute
Escute, escute

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ode ao burguês

Este poema foi escrito por Mário de Andrade em 1922,mas me impressiona o quão de atual há neste texto.
deliciem-se!

Ode ao burguês


Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!

Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o èxtase fará sempre Sol!

Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
"–Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
–Um colar... –Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!"

Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!

Fora! Fu! Fora o bom burgês!...